Luís Gonzaga do Nascimento, conhecido também como "O Rei do Baião", foi uma das mais completas e inventivas figuras da música popular brasileira. Cantando acompanhado de sanfona, zabumba e triângulo, levou a alegria e a sexualidade das festas juninas e dos forrós de-pé-de-serra, bem como a pobreza, as tristezas e as injustiças de sua árida terra, o sertão nordestino, para o resto do país, numa época em que a maioria das pessoas desconhecia o baião, o xote e o xaxado. Admirado por grandes músicos, como Gilberto Gil e Caetano Veloso, o genial instrumentista e sofisticado inventor de melodia e harmonias, ganhou notoriedade com as antológicas canções Baião (1946), Asa Branca (1947), Siridó (1948), Juazeiro (1948), Qui Nem Giló (1949) e Baião de Dois (1950). Nascido em Exu, interior de Pernambuco, filho do sanfoneiro seu Januário, o melhor sanfoneiro do sertão pernambucano, a quem tantas vezes homenageou, trabalhou na roça e animou os bailes da região com sua sanfona. Partiu para o Sul do país, em 1939, depois de ingressar no Exército e percorrer com o batalhão terras paraibanas, mineiras (onde conheceu o famoso sanfoneiro Domingos Ambrósio, que lhe ensinou mais sobre música) e paulistas. No Rio de Janeiro, deu baixa, disposto a ganhar a vida com a música. Freqüentou inicialmente os prostíbulos da zona do Mangue, tocando valsas, tangos e polcas. Em 1941, foi contratado no programa de calouros de Ari Barroso, na Rádio Nacional, gravando, nos primeiros tempos, muita música instrumental e tentando encontrar um novo caminho no linguajar rural, compondo toadas. Em parceria com Humberto Teixeira, fez o baião virar moda. Em 1946, a música de ambos intitulada justamente Baião explodiu no mercado musical. A canção apresenta o gênero, com uma letra que é um convite ao também novo ritmo de dança: "Eu vou mostrar pra vocês/Como se dança o baião/E quem quiser aprender/É favor prestar atenção/Morena chegue pra cá/Bem junto ao meu coração/Agora é só seguir/Pois eu vou dançar o baião".
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